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Reinaldo Azevedo
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| Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas – Tradução de Mário Faustino) |
| Quinta-feira, Junho 26, 2008 |
Ruth, na cozinha, com Simone de Beauvoir Ruth e FHC, em 1960, na conferência que Sartre fez em Araraquara; ao lado de FHC, Bento Prado Jr.Muito já se falou, e eu mesmo o fiz, sobre a intelectual rigorosa Ruth Cardoso. Mas ela também era dotada de um senso de humor bastante delicado. Na entrevista que fiz com ela há 11 anos, ela comentou uma pequena história da passagem de Jean-Paul Sartre pelo Brasil, em 1960, quando deu uma conferência em Araraquara — terra natal de Ruth. Segue a transcrição de um trecho da entrevista. * (...) recuamos até a beira do fogão, num longínquo 1960. Lá está a jovem professora Ruth Cardoso. Prepara uma sopa de mandioquinha para Sartre, cercada pela diligente e onipresente Simone de Beauvoir, querendo saber, com insistência, que diabo, afinal, é mesmo aquilo, se aquele troço não fará mal ao filósofo. Simone, que, em Cerimônia do Adeus, arrancou de Sartre a sua preferência pelos embutidos, temia a inocente sopa de mandioquinha de Ruth. Nem é preciso dizer o que aconteceu depois daquela sopa. Sucedeu-se boa parte dos eventos que fizeram deste “o mais curto dos séculos”. Fala, Ruth (...) Como foi a sopa de mandioquinha para Sartre? A senhora fez uma sopa de mandioquinha para ele? É, fiz uma sopa de mandioquinha para ele (risos). Sempre que eu levava um estrangeiro para casa, eu fazia. O Chirac também tomou, só que não foi feita por mim. E a Simone tinha o maior cuidado, queria saber do que era feita, ficava perguntando... E é difícil explicar a mandioquinha... ...para a tradição filosófica francesa... É (risos)... Mas qual era a preocupação dela? Que a mandioquinha fizesse mal para o Sartre. Mas não fez, não. |
| Por Reinaldo Azevedo | 15:32 |


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